domingo, 17 de março de 2013

Um novo ranking de seleções


Em outubro passado, publiquei no blog uma análise sobre oranking de seleções da Fifa. Em geral, pode-se considerar a listagem boa, mas distorções nos critérios produzem alguns resultados difíceis de justificar.
Seria possível montar um ranking melhor? Acho que sim. Por isso, dediquei os últimos 5 meses a montar um novo ranking mundial de seleções, que parte da mesma lógica da Fifa, mas procura eliminar suas distorções, incorporando elementos de outras listas bem-sucedidas, como a da ATP.

Neste texto, apresento a metodologia de montagem do ranking. Nos próximos quatro posts, apresentarei a lista das seleções, dividida em 4 partes.

Como funciona o ranking

Existem duas formas de se pontuar neste ranking de seleções. Uma é com os resultados das partidas, de forma similar ao que acontece no ranking da Fifa. A pontuação é calculada pelo produto de quatro fatores:

- Resultado da partida: 3 para vitória, 1 para empate, 0 para derrota
- Importância da partida: 6 para Copa do Mundo, 4 para torneios continentais e Copa das Confederações, 3 para eliminatórias da Copa do Mundo, 2 para eliminatórias continentais, 1 para amistosos
- Qualidade do adversário: de 1 a 8, de acordo com sua posição no ranking
1º colocado
8 pontos

51º ao 75º
3 pontos
2º ao 5º
7 pontos

76º ao 100º
2 pontos
6º ao 10º
6 pontos

101º ao 150º
1,5 ponto
11º ao 25º
5 pontos

Abaixo do 150º
1 ponto
26º ao 50º
4 pontos



*Para a primeira edição do ranking, foi considerada a posição das seleções no ranking da Fifa (a 1ª edição de cada ano). A partir da próxima, vale a posição das seleções no ranking anterior.
- Local da partida: 1,5 para jogos na casa do adversário, 1 nos outros casos
Um exemplo: vencer a Espanha (1ª colocada), nas eliminatórias para a Copa, em Madrid = 3*8*3*1,5 = 108 pontos. 
Outro exemplo: empatar com San Marino, em campo neutro, em um amistoso = 1*1*1*1 = 1 ponto. 

Para o ranking, são consideradas todas as partidas entre duas seleções principais (não seleções olímpicas, nem “sub-”, nem combinados regionais) reconhecidas pela Fifa. Só têm fator maior que 1 jogos da Copa do Mundo, Copa das Confederações, torneios continentais e suas respectivas eliminatórias. Todas as outras partidas são consideradas amistosos, mesmo que levem nomes de torneios (como o Superclássico das Américas, Copa das Nações do Golfo, Copa Cecafa, etc.). Em todos os casos, foi tomada como base a lista de partidas internacionais disponível no site da Fifa.

O outro modo de ganhar pontos é de acordo com a classificação dos torneios de seleções, de acordo com a tabela abaixo:

Torneio
Campeão
Vice
Semifinal
Quartas
Oitavas
1ª Fase
Copa do Mundo
1000
600
350
200
100
50
Eurocopa
500
300
175
100
-
50
Copa América
500
300
175
100
-
-
Copa Ouro
300
180
105
60
-
30
Copa Africana de Nações
300
180
105
60
-
30
Copa da Ásia
300
180
105
60
-
30
Copa das Nações da OFC
200
120
70
-
-
20
Copa das Confederações
200
120
70
-
-
-
*No caso dos torneios que tiveram mais de uma edição no período considerado (Copa Ouro e CAN), os pontos de bônus são divididos pela metade.
*Não há pontos de bônus para a 1ª fase da Copa América e da Copa das Confederações porque a classificação para esses torneios é automática (não há eliminatórias).

A pontuação de cada seleção em um ano é a soma dos pontos de desempenho, mais os pontos ganhos nas partidas dessas competições, mais os 8 melhores resultados (em termos de pontos) alcançados nos outros jogos do ano (amistosos e eliminatórias). Para montar o ranking, basta somar a pontuação obtida nos últimos 4 anos.

As diferenças em relação à Fifa

Ao definir a metodologia para este ranking, adotei dois princípios:
1. Ser o mais simples e objetivo possível;
2. Ser o mais próximo possível ao método do ranking da Fifa.

A ideia de pontuar o resultado das partidas de acordo com sua importância e a força do adversário, adotada pela Fifa, é interessante. A esse conceito, adicionei apenas um “bônus” por vitórias na casa do adversário (imagine, por exemplo, que ganhar do Equador em Quito é muito mais difícil do que ganhar dele em Buenos Aires).

Outra diferença importante é o fator relativo à confederação a que pertence cada equipe. Para tornar o ranking mais representativo, a Fifa criou um índice (de 0,85 a 1) que varia de acordo com a confederação. Assim, se a Nova Zelândia vencer a França em um amistoso, ela ganha 15% a menos de pontos do que se o Chile derrotar o mesmo adversário em condições iguais. Tal recurso, além de “deselegante”, parece terrivelmente injusto.

Se países em continentes fracos ganham jogos e torneios com mais facilidade, eles já são punidos pelo fato de suas partidas valerem menos, dado o ranking mais baixo de seus adversários. Não é preciso um fator adicional de desvalorização. Neste ranking, a única diferença feita entre os continentes consiste nos pontos de bônus distribuídos nas copas continentais – e mesmo estes foram determinados com base nos resultados das últimas 3 Copas do Mundo (times da Uefa e Conmebol tiveram aproveitamento de 62%; da CAF, AFC e Concacaf ficaram entre 34% e 35%; da Oceania não tiveram participações suficientes para uma conta relevante).

A mudança mais significativa entre os rankings é a inclusão de uma quantidade considerável de pontos extras em função dos resultados finais das equipes nos torneios. No ranking da Fifa, a Copa do Mundo vale muito só porque suas partidas têm grande peso. Não há nenhum ganho adicional. Assim, como os pontos advêm somente dos resultados das partidas, é perfeitamente possível que o 3º colocado fique com mais pontos do que o campeão – o que é uma distorção absurda.

Outro ponto a se considerar é a quantidade de partidas a ser incluída na conta. Se fosse feita uma soma simples de resultados, seleções que jogam muito seriam beneficiadas (seria possível “inflar” a pontuação vencendo muitos amistosos contra times fracos). Para solucionar isso, a Fifa calcula a média dos pontos ganhos por cada equipe em todos os jogos que disputou (cada derrota vale 0, derrubando a média; vitórias contra “nanicos” também não ajudam muito). O problema desse método é que ele recompensa quem joga menos: se o país conseguiu um grande resultado no começo do ano (ex: ganhou da Argentina nas Eliminatórias), convém que ele entre em campo o mínimo possível, para não derrubar a média.

No caso deste ranking, foi feito um cálculo mais acessível: todos os jogos valem, mas só podem ser contados os 8 melhores resultados (fora os dos grandes torneios, que são sempre incluídos, a exemplo, novamente, do que faz a ATP). Assim, não adianta marcar um monte de amistosos contra times fracos, pois cada um valerá poucos pontos. Seleções que jogam com mais frequência ainda levam uma pequena vantagem (já que as derrotas não prejudicam sua pontuação), mas isso pouco afeta os principais resultados do ranking (lembrando que o que realmente “pesa” na classificação são os grandes torneios e, em menor grau, as eliminatórias).

Assim como faz a Fifa, este ranking considera os resultados dos últimos 4 anos. Mas há uma diferença importante: aqui, os quatro anos têm o mesmo peso, enquanto a Fifa dá mais valor para os mais recentes. Embora o método da entidade ajude a captar melhor o “momento” de cada equipe, isso gera distorções, já que seleções em diferentes continentes têm calendários diferentes. Além disso, considero que o valor de um bom desempenho (por exemplo, o título da Copa América) não diminui por ter ocorrido 1, 2 ou 3 anos atrás (só deixa de valer, claro, após a realização de uma nova Copa América).

Para facilitar a comparação, segue abaixo uma tabela listando as principais diferenças entre este ranking e o publicado pela Fifa:

Critério
Fifa
Futrankings
Diferença de pontuação entre os anos considerados
Anos mais recentes valem até 5 vezes mais
Os 4 anos têm valor igual
Importância das partidas
De 1 até 4
De 1 até 6
Diferença entre os melhores e os piores adversários
4 vezes (de 50 a 200 pontos)
8 vezes (de 1 a 8 pontos)
Periodicidade de atualização
Mensal
Anual
Diferenças entre confederações
Times de confederações mais fracas ganham até 15% a menos em cada partida
Não há diferença nas partidas, só nos pontos de bônus das copas continentais
Bônus por performance
Não há
Distribuídos de acordo com a fase alcançada pela seleção em cada torneio
Cálculo dos resultados anuais
Média dos pontos obtidos em todas as partidas
Soma dos pontos de bônus, partidas dos grandes torneios, mais os 8 melhores resultados
Local de realização da partida
Não é considerado
Vitória na casa do adversário vale 50% a mais

2 comentários:

  1. Bom, apesar de achar o seu mais "justo", concordo com o Ranking da FIFA no quesito de só considerar jogos "A" contra "A". Só uma coisa que eu não vi no seu ranking, que é a relação ao número de jogos. Já tentei fazer um ranking "anual" nos moldes da FIFA e via que em 12 meses, tinha Seleção que jogava 10 vezes, enquanto outras jogavam duas vezes, quando muito.

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  2. Em termos de jogos considerados, este ranking é igual ao da Fifa (também só conto jogos "A" contra "A") - aliás, a lista de jogos eu peguei do próprio site da entidade!

    Sobre o número de jogos, neste ranking são contados no máximo 8 partidas por ano, além daquelas disputadas nos grandes torneios. Para times que jogam muito (tipo México, Arábia Saudita, etc.) são considerados só os 8 jogos que renderam mais pontos, e os outros são descartados.

    Esse critério dá uma pequena vantagem para as seleções que jogam muitas vezes (principalmente entre os "nanicos"), já que não pune as derrotas. Mas me parece melhor que o método da Fifa, que beneficia quem joga poucas vezes - e, pior, permite que um país ganhe pontos sem entrar em campo!

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