Aproveitando o marasmo que é a primeira fase dos campeonatos estaduais, volto a analisar a evolução do equilíbrio nos principais campeonatos do mundo, ao longo da história. Já apresentei os casos de Inglaterra, Itália, Espanha, França e Alemanha. Hoje, é a vez de falar do Campeonato Português.
A evolução do equilíbrio em Portugal é um pouco diferente dos outros países analisados. Assim como os outros, o Português também tem visto seu equilíbrio cair nos últimos anos. A diferença é que Portugal teve seu maior nivelamento histórico nos anos 1990 (e não no passado distante) e hoje, mesmo com a queda, ainda está longe de seu menor nível histórico.
Veja abaixo a evolução do nivelamento em Portugal, medido pelo Índice de Equilíbrio (veja aqui como ele é calculado):
Os primeiros 10 anos da história do Campeonato Português tiveram baixíssimo equilíbrio. Tanto que os 5 índices mais baixos da história do país são todos dessa época. O torneio de 1939/40 alcançou a pontuação mais baixa que já calculei em qualquer campeonato: 14,85%.
A maior peculiaridade de Portugal é o crescimento do equilíbrio até os anos 1990, época em que a maioria dos outros campeonatos já apresentava sinais claros de declínio. Prova disso é que 4 das 5 edições mais equilibradas do torneio ocorreram entre 1989 e 1993 (curiosamente, o recorde é de 2004/05, temporada que foi uma exceção numa fase que já era de queda).
Uma coisa que se deve ressaltar é que, mesmo em suas melhores fases, o equilíbrio em Portugal esteve muito abaixo do dos outros principais campeonatos europeus. Veja a comparação:
Nota-se que, com exceção de um breve período na década de 1990, o Campeonato Português foi sempre o menos equilibrado entre os 5 torneios considerados. Aliás, até os anos 1980, a diferença entre Portugal e o resto era significativa.
Esse resultado combina com o senso comum. Desde o início de sua história, o Português sempre foi dominado por apenas 3 times (Porto, Benfica e Sporting). Isso não mudou até hoje. O que mudou foi que outros países, que antes tinham razoável equilíbrio entre grandes e pequenos, hoje também vêem domínio absoluto de 2 ou 3 times, aproximando Portugal do resto.
E, com o Sporting em baixa, a briga pelo campeonato fica bipolarizada, por mais que o Braga tenha tentado nos últimos anos, parece agora perder um pouco da força. E o Boavista, que talvez tivesse uma estrutura pra tentar fazer algo, pena na terceirona (até brigou nas últimas temporadas, mas nessa tá longe de subir). Quem tá dando a volta por cima em equilíbrio é o holandês, que com a decadência do Feyenoord nos últimos anos via a disputa bipolarizada, agora o próprio time de Rotterdã junta-se a Twente, AZ e mais alguns esporádicos que mudam a cada temporada (Herenveen, Utrecht, Vitesse, NAC, etc) na briga contra PSV e Ajax. E, por fim, em termos de equilíbrio, temos os campeonatos que acabaram monopolizados por incompetência da concorrência: O tripé Grego agora só tem uma perna, já que Panathinaikos e AEK não têm mais força pra brigar com o Olympiakos. O único que é regular lá entre os primeiros é o PAOK, mas não faz sombra ao time de Piréu. E, por fim, o Escocês, que não tem nem comentários do que vai ocorrer depois do rebaixamento do Rangers.
ResponderExcluirAh, entre os grandes que falta, também vejo boa possibilidade de equilíbrio no Alemão. Menos que o francês, porém talvez semelhante ao italiano... É interessante ver outros campeonatos menos badalados e que vêm perdendo a força que já tiveram outrora, como o tcheco, cujos clubes não fazem mais as mesmas boas campanhas continentais, mas o campeonato nacional está bem equilibrado, fugindo dos "grandes", ao contrário do sérvio, cujos principais clubes somam um título e um vice da Champions League, mas que agora vê o Partizan monopolizar as ações no certame interno...
ResponderExcluirAh, eu já fiz a análise do equilíbrio na Alemanha! O link está aqui:
Excluirhttp://www.futrankings.blogspot.com.br/2012/10/equilibrio-em-queda-tambem-na-alemanha.html
(só não incluí no gráfico para não ficar muito difícil de ler)