domingo, 20 de janeiro de 2013

Equilíbrio histórico dos principais campeonatos estaduais


Neste fim de semana, começa a disputa dos campeonatos estaduais. São torneios de pouquíssima relevância esportiva e baixo nível técnico, cujas conquista, atualmente, só são realmente celebradas por torcidas que sabem que seus times não têm condições de ganhar nenhum outro título.

Um dos problemas dos Estaduais é a falta de equipes competitivas. Se, no Brasileiro, a quantidade de postulantes ao título costuma ser alta, nos Estaduais vemos sempre os mesmos brigando pela taça (e, quando isso não acontece, fica claro que é por causa da má fase das equipes tradicionais).

Essa falta de equilíbrio dos campeonatos estaduais ao longo da história pode ser constatada por meio do ranking de equilíbrio histórico (clique aqui paraconhecer a metodologia de cálculo). Essa lista leva em consideração quantos títulos cada time ganhou e calcula um índice análogo ao usado para medir o grau de concentração de setores da economia. Um índice de 4, por exemplo, equivale a um torneio em que todos os títulos da história foram divididos igualmente entre 4 equipes.

Considerando os nove Estados que hoje têm representantes na Série A do Brasileirão, o ranking é o seguinte:

Pos
Estado
Índice
1
Santa Catarina
9,4
2
São Paulo
6,7
3
Paraná
5,0
4
Rio de Janeiro
4,6
5
Bahia
4,4
6
Goiás
4,3
7
Pernambuco
3,6
8
Minas Gerais
3,2
9
Rio Grande do Sul
2,8

Para efeito de comparação, vale dizer que o índice do Campeonato Brasileiro é superior a 11 – lembrando que, quanto mais alto, mais equilibrado (cliqueaqui para ver os índices dos principais campeonatos internacionais). Ou seja, o único torneio que pode ser considerado equilibrado é o Catarinense, onde, na verdade, ainda não há times “grandes” totalmente consolidados.

São Paulo ainda tem um mínimo de competitividade, com um índice próximo ao do Campeonato Italiano, por exemplo. O resto tem níveis baixos, ou baixíssimos. O Rio de Janeiro, por exemplo, tem um bom número de times grandes – quatro –, mas a pequena quantidade de títulos que ficaram com outras equipes faz com que o índice seja de apenas 4,6. É bom lembrar que o Campeonato Espanhol, que é praticamente um “duopólio” de Barcelona e Real Madrid, tem índice de 4,0.

Minas Gerais e Rio Grande do Sul, então, têm números que se equiparam aos dos torneios menos equilibrados do mundo, como o Uruguaio e os Escocês (países que só têm dois times de verdade).

Ou seja, mesmo na época em que os clubes pequenos montavam equipes de verdade (e não “catadões” juntados às pressas 1 mês antes do início do campeonato), em poucos casos isso se traduziu em campeonatos realmente competitivos. Quando os grandes só disputavam os Estaduais, ok, era o único título a se comemorar. Mas hoje, numa época de obsessão pela Libertadores e de Brasileiro disputado por pontos corridos, importar-se com torneios que só têm 4 times de verdade (no máximo) é um anacronismo injustificável.

2 comentários:

  1. O que explica o equilíbrio muito superior do catarinense é que é o único que se pode chamar realmente de estadual, já que times de todas as regiões disputam o título e, mesmo sendo um estado pequeno, é o que tem mais campeões diferentes. Como salientasse, Tomaz, Santa Catarina não tem um time realmente grande a nível de Brasil, mas tem 5 nas duas primeiras divisões. No paulistão pode ter até um aparente equilíbrio, mas no final das contas o título em si fica restrito a poucos clubes (os tradicionais times de Campinas, por exemplo, não têm sequer um título paulista).

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    1. Sim, é verdade! O Paulista só tem um índice alto por dois motivos: algumas zebras esporádicas (Bragantino, São Caetano, Inter de Limeira) e o fato de ter sido dominado nos primeiros anos por times que hoje não existem mais (Paulistano, Germânia, etc.).

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