segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ranking histórico da América do Sul – títulos




Depois da “pausa olímpica”, retomo o assunto dos times com mais títulos da América do Sul. Já publiquei no blog o ranking de acordo com o número deconquistas e também uma versão sem os títulos estaduais/regionais.

Em ambos os casos, ficou a sensação de que a comparação entre diferentes países não é justa. Para resolver isso, só existe uma solução: entrar no campo da subjetividade e atribuir pesos diferentes aos títulos. É o que vou fazer agora.

Primeiro, vejamos o número de pontos atribuídos a cada competição:

Torneio
Pontos
Campeonato Nacional (A)
3 a 15
Copa Nacional (B)
2 a 8
Copa Libertadores (C)
50
Mundial de Clubes/Copa Intercontinental (D)
40
Copa Sul-Americana/Supercopa/Copa Mercosul/Copa Conmebol (E)
25
Recopa Sul-Americana (F)
5
Torneios Locais (Estaduais, Regionais, etc.) (G)
1 a 4

Da mesma forma que acontece no ranking histórico brasileiro, a grande dificuldade é atribuir pontos aos torneios locais de maneira justa e relativamente objetiva. Problema parecido, solução parecida: para determinar a importância de cada campeonato nacional, montei uma tabela auxiliar com as conquistas internacionais dos clubes de cada país. Nessa lista, foram atribuídos 2 pontos por título da Libertadores, 1 por vice da Libertadores e 1 por outros títulos internacionais. Assim, chegamos à seguinte distribuição:

Pontuação
Países
Pontos Nacional
Pontos Copa
Pontos Regionais
0 a 13
Bolívia, Venezuela, Peru, Equador e Chile
3
2
1
14 a 26
Colômbia e Paraguai
6
3
-
27 a 39
Uruguai
9
5
-
40 a 52
-
12
6
-
Mais de 52
Brasil e Argentina
15
8
1 a 4

A pontuação atribuída às copas nacionais é metade da dos campeonatos (arredondada para cima). Para os Estaduais brasileiros, foi atribuído 4 pontos ao Paulista e ao Carioca (e ao Rio-SP), 2 pontos ao Gaúcho e ao Mineiro (e à Copa Sul-Minas) e 1 aos outros Estaduais e Regionais.

Aqui, uma explicação é necessária. Comparando-se a pontuação deste ranking com a do futebol brasileiro, o leitor perceberá que há algumas diferenças na pontuação. O que mudou, em linhas gerais, é que os títulos internacionais ganharam mais peso. A justificativa é simples: por se tratar de um ranking continental, os torneios que envolvem toda a região pesam mais que aqueles de países isolados.

Por um lado, essa diferença de pontuação expõe, mais uma vez, o “ponto fraco” do ranking, que é a subjetividade na atribuição dos pesos. Por outro lado, comparando-se os resultados, dá para perceber que as diferenças entre os resultados das duas listas (considerando só os clubes brasileiros) são pequenas e só há trocas de posições entre equipes parelhas. Nesse caso, qual ranking vale mais? Não há resposta. A interpretação mais correta seria dizer que estão no mesmo patamar.

Bom, agora chega de explicações e ressalvas e vamos ao ranking, lembrando que os cálculos foram feitos com base nos dados do fim de julho de 2012:

Pos
Time
País
A
B
C
D
E
F
G
Pontos
1
Boca Juniors
Argentina
30
1
6
3
3
4

973
2
Peñarol
Uruguai
48

5
3



802
3
Independiente
Argentina
16

7
2
3
1

750
4
River Plate
Argentina
34

2
1
1


675
5
Nacional
Uruguai
44

3
3

1

671
6
São Paulo
Brasil
6

3
3
2
2
22
508
7
Santos
Brasil
8
1
3
2
1

25
483
8
Olimpia
Paraguai
39

3
1
1
2

459
9
Racing
Argentina
16

1
1
1


355
10
Flamengo
Brasil
6
2
1
1
1

33
353
11
Estudiantes
Argentina
6

4
1



330
12
Palmeiras
Brasil
8
2
1

1

27
319
13
Corinthians
Brasil
5
3
1
1


31
313
14
Internacional
Brasil
3
1
2
1
1
2
41
310
15
Cruzeiro
Brasil
2
4
2

2
1
39
295
16
Grêmio
Brasil
2
4
2
1

1
36
279
17
Vasco
Brasil
4
1
1

1

25
243
18
Vélez Sársfield
Argentina
8

1
1
1
1

240
19
San Lorenzo
Argentina
10



2


200
20
Fluminense
Brasil
3
1




33
185
21
Cerro Porteño
Paraguai
29






174
22
Atlético Nacional
Colômbia
11

1

2


166
23
Colo Colo
Chile
29
10
1


1

162
24
Alumni
Argentina
10






150
25
Atlético-MG
Brasil
1



2

41
147
25
Botafogo
Brasil
2



1

23
147
27
LDU Quito
Equador
10

1

1
2
9
124
28
Millionarios
Colômbia
13
4


1


115
29
América de Cali
Colômbia
13



1


103
30
Argentinos Juniors
Argentina
3

1




95
31
Libertad
Paraguai
15






90
32
Rosario Central
Argentina
4



1


85
33
Universidad de Chile
Chile
16
3


1


79
34
Bahia
Brasil
2





46
76
35
Universitario
Peru
25






75
35
Huracán
Argentina
5






75
35
Lomas Athletic
Argentina
5






75
35
Newell's Old Boys
Argentina
5






75
39
Once Caldas
Colômbia
4

1




74
40
Bolívar
Bolívia
21





7
70
41
Alianza Lima
Peru
22






66
42
Sport
Brasil
1
1




41
64
43
Guaraní
Paraguai
10






60
44
ABC
Brasil






52
52
45
Deportivo Cali
Colômbia
8
1





51
45
Coritiba
Brasil
1





36
51
47
Nacional
Paraguai
8






48
47
Independiente Santa Fe
Colômbia
7
2





48
49
The Strongest
Bolívia
11





14
47
50
Sporting Cristal
Peru
15






45
50
Barcelona
Equador
13





6
45
50
Belgrano Athletic
Argentina
3






45
50
Paysandu
Brasil






45
45

Os resultados do ranking espelham bem a realidade. Em 1º lugar, o gigante Boca Juniors, dono de 16 títulos internacionais e um dos maiores campeões argentinos. Em seguida, o Peñarol, time com mais troféus no continente, incluindo 5 Libertadores. O maior campeão sul-americano, o Independiente, é o 3º do ranking, seguido pelos outros dois gigantes de Argentina e Uruguai – River Plate e Nacional.

Depois, aparecem os dois primeiros representantes brasileiros, São Paulo e Santos – sem dúvida, os times mais bem-sucedidos do País. O Flamengo é o outro brasileiro no “top 10”, que ainda tem Racing e Olimpia. Depois do time paraguaio, só vamos encontrar outro clube fora do eixo Brasil-Argentina na 21ª colocação.

Neste ranking, a comparação entre brasileiros e uruguaios mostra bem os efeitos de se ter um campeonato muito equilibrado ou muito concentrado. O Brasil não tem nenhum representante entre os 5 primeiros; por outro lado, conta com 17 equipes entre as 50 melhores. Já o Uruguai tem o 2º e o 5º colocados (à frente de todos os brasileiros), mas esses são os únicos dois representantes do país no “top 50” (o terceiro melhor uruguaio aparece só na 66ª posição).

Com esses resultados, pode-se dizer que, apesar da componente subjetiva, este é o ranking que melhor espelha a importância histórica dos maiores times da América do Sul.

6 comentários:

  1. Peñarol de nenhum jeito tem 48 títulos uruguaios. Desses 48, 2 nao sao reconhecidos pela auf!! e 5 foram ganhos por OUTRO time.

    Estão faltando nessas estadísticas os torneios internacionais PRE Libertadores. O futebol não começou nos anos 60.

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    1. Olá!

      Realmente, há polêmica sobre o número de títulos do Peñarol. Não sou especialista no futebol uruguaio, então tomei como base a lista da RSSSF (http://www.rsssf.com/tablesu/uruchamp.html) - como, aliás, também fiz para todos os outros campeonatos.

      Sobre os torneios anteriores à Libertadores, não conheço nenhum que seja amplamente reconhecido como importante e que tenha sido disputado ao longo de vários anos. Se conhecer algum que atenda a esses critérios, é só dizer, que eu incluo na lista de títulos.

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  2. Sobre a quantidades de campeonatos uruguaios pode ver este link http://pt.wikipedia.org/wiki/Primera_Divisi%C3%B3n_Profesional_de_Uruguay#T.C3.ADtulos_por_equipe

    Essa tabela tomou como hipótese que o Peñarol e o CURCC foram um mesmo time. Essa foi a ideia popularmente aprovada até a década dos 90. Aí foi amplamente documentada uma segunda teoria que afirma que o CURCC e o Peñarol foram dos clubes distintos, o primeiro terminando suas atividades no 1915 o segundo iniciando as suas no 1913.

    Como pode ver mesmo com a teoria de um mesmo clube, o CAP não chega as 48 que a sua diretiva sistematicamente publicita.


    Sobre os torneios internacionais; Tem que tomar em conta as copas internacionais oficias do Rio de la Plata. Os únicos torneios internacionais oficias da época no continente.
    Copa Aldao, jogada por 25 anos!! http://pt.wikipedia.org/wiki/Copa_Aldao
    Copa de Honor, jogada por 13 anos, http://es.wikipedia.org/wiki/Copa_de_Honor_Cousenier
    Copa competencia, jogada por 18 anos, http://es.wikipedia.org/wiki/Cup_Tie_Competition

    Parabéns pelo blog!

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    1. Olá!

      Acho que infelizmente não entraremos em acordo... Prefiro considerar Peñarol e CURCC como o mesmo time, porque o próprio clube assim o considera (só esse fato não é suficiente, mas há outros bons argumentos para contá-los como um time só).

      Sobre o número de títulos, a diferença dos 46 da Wikipedia para os 48 da RSSSF são os títulos do campeonato da FUF de 1924 e do Torneio Consejo Provisorio de 1926. Curiosamente, outra página da própria Wikipedia (http://es.wikipedia.org/wiki/Federaci%C3%B3n_Uruguaya_de_Football) diz que esses torneios devem ser considerados oficiais.

      Com relação às 3 copas internacionais, vejo que, em geral, tratam-se de um jogo entre um campeão de um tornio argentino contra um campeão uruguaio. Como regra geral, não considerei torneios desse tipo (com exceção da Recopa e da Intercontinental, por envolverem campeões de torneios continentais, não nacionais). Embora acredite que essas copas tenham sido importantes à época, inclui-las aumentaria ainda mais a distorção que já pesa a favor de argentinos e uruguaios, que têm os campeonatos mais antigos do continente.

      Tudo isso serve para mostrar que mesmo uma tarefa simples, como contar o número de títulos de cada clube, pode carregar uma grande dose de subjetividade!

      Um abraço!

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  3. 1- O Nacional criou um documento nos anos 90 e foi enviado ao Peñarol abrindo a discussão sobre o "decanato". Peñarol ainda não respondeu. São mais de 12 as provas que o CURCC e o Peñarol foram clubes diferentes, na mia visão a mais forte é uma carta de 1914 do presidente do CURCC falando sobre o assunto. Se o CURCC fala que é um clube diferente, a gente não pode se objetar! http://www.decano.com/decanocms/historia/el-decanato.html

    2- Torneio de 1924: Temos 2 federações, a atual AUF, membro da FIFA, e uma federação rebelde não membro da FIFA fundada por 2 times expulsos da AUF no 1923. Na AUF campeão Nacional, na FUF Peñarol.... Qual é o campeão uruguaio? O ponto não aceita 2 possíveis versões, só a propaganda (no sentido Goebbels da palavra) pode repetir que no 1924 existiu uma campeão Uruguaio diferente ao Nacional.

    3- Torneio de 1926. Torneio mais uma vez não organizado pela AUF. AUF único membro uruguaio da FIFA. Novamente, um torneio se mínimo valor oficial.

    4- Esta deixando de lado mais de 50 torneios oficiais, 50 anos de historia ficam fora de suas estadísticas. Aqui tem 2 pontos importantes. a) eram as federações melhores organizadas e por tanto podiam realizar torneios internacionais. Elas tem culpa de ser evoluídas? Elas tem culpa da proximidade geográfica? Por isso vamos "esquecer" esses campeonatos? b) Não só eram evoluídas, eram as melhores 2 seleções do continente e as únicas que enfrentavam e até ganhavam dos europeus (24,28,30). Então no só esquece 50 anos de historia, esquece 50 anos da melhor historia de America do sul. Como falei inicialmente, o futebol não nasceu nos 60.

    Abs

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  4. Acho que o peso dos campeonatos estaduais e regioanis estão muito baixos. Até o fim dos anos 50 eram as competições mais importantes do país. Deveriam ter peso de Nacional ou algo próximo disso. Dos anos 60 até o fim dos anos 90 dividiam a atenção com o campeonato brasileiro.
    A Recopa que o Santos ganhou tem um peso maior que o título paulista de 77 do Corinthians ou o Paulista do IV Centenário. Todos sabemos que não é assim.

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